LULA LIDERA NO PRIMEIRO TURNO, MAS VÊ CENÁRIO DE SEGUNDO TURNO SE ESTREITAR, APONTA DATAFOLHA
Presidente segue à frente em quase todos os cenários testados, mas empata tecnicamente com Bolsonaro e vê rivais da direita ganharem força em eventual segundo turno

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ainda lidera as intenções de voto para o primeiro turno da eleição presidencial de 2026, mas sua vantagem frente aos possíveis adversários da direita encolheu no segundo turno. A conclusão é da mais recente pesquisa do instituto Datafolha, realizada nos dias 10 e 11 de junho com 2.004 eleitores em 136 municípios. A margem de erro é de dois pontos percentuais.
No primeiro turno, Lula se mantém entre 36% e 38% em cinco dos seis cenários simulados, resultado influenciado pela fragmentação das candidaturas à direita e pelo fato de ser o único nome forte no campo da esquerda. O dado contrasta com sua avaliação como presidente: apenas 28% dos brasileiros o consideram ótimo ou bom.
Mesmo inelegível até 2030, Jair Bolsonaro (PL) aparece como principal adversário do petista e empata tecnicamente com ele em simulação de segundo turno: 45% para o ex-presidente contra 44% para Lula. Em abril, o petista tinha vantagem de 49% a 40%.
A mesma tendência de aproximação se vê com Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo. Em abril, Lula venceria por 48% a 39%; agora, há empate técnico: 43% a 42%. Michelle Bolsonaro também encurtou a distância: de 50% a 38% para Lula no levantamento anterior, para 46% a 42% nesta nova rodada.
Já os filhos do ex-presidente, Flávio e Eduardo Bolsonaro, aparecem com desempenho mais tímido. Lula os venceria com 47% a 38% e 46% a 38%, respectivamente.
Na única simulação sem Lula, substituído por Fernando Haddad (PT), o ministro da Fazenda perde para Bolsonaro por 45% a 40%. O mesmo se repete no primeiro turno: Haddad tem 23%, atrás de Bolsonaro, que marca 37%.
Na pesquisa espontânea, Lula tem 16% das intenções de voto, enquanto Bolsonaro aparece com 18%, refletindo o alto grau de polarização política e o forte reconhecimento popular de ambos.
O levantamento também mediu a rejeição dos pré-candidatos. Lula é rejeitado por 46% dos entrevistados, Bolsonaro por 43%. Os filhos do ex-presidente também enfrentam resistência: Eduardo tem 32% de rejeição, Flávio, 31%, e Michelle, 30%. Haddad aparece com 29%. Entre os governadores testados, Ratinho Jr. (PSD-PR) tem 19% de rejeição, Romeu Zema (Novo-MG), 18%, Ronaldo Caiado (União Brasil-GO), 15% e Tarcísio, 15%.
O cenário revela que, embora Lula mantenha a dianteira no primeiro turno, a competitividade dos nomes da direita aumenta, especialmente na segunda rodada. Isso confirma o impasse estratégico da oposição: mesmo inelegível, Bolsonaro ainda lidera o campo conservador, mas sua indefinição sobre um possível herdeiro político deixa nomes como Tarcísio em compasso de espera.
A pesquisa consolida a percepção de que, a menos de um ano do início oficial da corrida eleitoral, o Brasil segue polarizado e sem consenso sobre qual será o nome capaz de romper o binarismo entre Lula e Bolsonaro — ou seus representantes.
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