CHEIA HISTÓRICA ATRASA VAZANTE E AFETA MAIS DE 530 MIL PESSOAS NO AMAZONAS
Rio Negro atinge 29 metros em julho, contrariando padrão sazonal; 40 municípios estão em situação de emergência

O Amazonas enfrenta, em 2025, um cenário incomum no regime das águas. Tradicionalmente, o Rio Negro começa a baixar no mês de julho, mas, ao contrário do padrão histórico, o nível em Manaus segue subindo e chegou a 29,04 metros nesta sexta-feira (4), segundo registros do Porto da capital — marca não observada desde 2014.
Apesar da elevação, o Serviço Geológico do Brasil (SGB) considera improvável que o rio alcance o recorde de 30,02 metros registrado em 2021. O quadro também se repete em cidades vizinhas, como Itacoatiara, banhada pelo Amazonas, e Manacapuru, à margem do Solimões, onde os rios permanecem elevados.
As chuvas acima da média, concentradas na parte norte da bacia amazônica, e o represamento causado pelo Rio Solimões, ainda alto, explicam a persistência da cheia, de acordo com a pesquisadora Jussara Cury, do SGB. Esse fenômeno impede que o Negro escoe seu volume de água normalmente, mantendo níveis elevados inclusive em julho, o que surpreende parte da população.
A situação afeta diretamente a vida de mais de 530 mil pessoas em 40 municípios do estado, que já decretaram situação de emergência. Outras 18 cidades estão em estado de alerta, e apenas quatro permanecem em normalidade, segundo a Defesa Civil.
Na capital, a prefeitura construiu pontes provisórias em bairros como Educandos e São Jorge, garantindo acesso a escolas, igrejas e serviços essenciais, além de intensificar a distribuição de cestas básicas, kits de higiene e água potável.
No interior, cerca de 444 alunos precisaram retomar as aulas remotas pelo programa “Aula em Casa” em municípios atingidos, como Anamã e Novo Aripuanã. A rede estadual de apoio também já encaminhou mais de 580 toneladas de alimentos e caixas d’água, além de instalar uma estação de tratamento móvel para suprir a demanda de água potável.
Especialistas afirmam que a tendência é de estabilidade do nível nos próximos dias, pois o Alto Solimões já começou a baixar, o que pode ajudar a iniciar a vazante na capital. Ainda assim, o monitoramento permanece intenso, com equipes de alerta prontas para intervir em caso de novos riscos.
A população pode acionar a Defesa Civil do Amazonas pelo telefone 199 ou pelo número alternativo (92) 98802-3547 para qualquer emergência relacionada às cheias.
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