ADOLESCENTE CONHECIDO COMO "MISSIONÁRIO MIRIM" É PROIBIDO DE PREGAR E USAR REDES SOCIAIS POR DECISÃO DO CONSELHO TUTELAR
Medida visa proteger Miguel Oliveira, de 14 anos, da superexposição; Ministério Público investiga ameaças contra o jovem

Miguel Oliveira, de 14 anos, conhecido nas redes sociais e em igrejas evangélicas como o “missionário mirim”, foi impedido de pregar, fazer viagens e utilizar redes sociais por determinação do Conselho Tutelar. A medida, que não tem prazo para ser encerrada, visa proteger o adolescente diante da intensa exposição pública que vem enfrentando.
O pastor Marcio Silva, da Assembleia de Deus Avivamento Profético — igreja frequentada por Miguel —, confirmou a decisão em entrevista ao jornal O Globo e disse que ela será respeitada. “Estamos tristes, mas optamos por afastá-lo para evitar mais exposição. Ele aceitou de boa a decisão”, afirmou o líder religioso. Segundo ele, Miguel também deixará o ensino online e retornará às aulas presenciais.
O jovem se tornou popular ao compartilhar suas pregações nas redes sociais, acumulando mais de 1 milhão de seguidores apenas no Instagram. Porém, sua visibilidade gerou controvérsias. Um vídeo recente, no qual ele rasga papéis que seriam laudos médicos durante um culto, afirmando "eu rasgo o câncer, eu filtro teu sangue e eu curo a leucemia", foi amplamente criticado.
A repercussão negativa resultou em ameaças e xingamentos online contra o adolescente, fato que está sendo investigado pelo Ministério Público de São Paulo.
Para a psicóloga infantil e especialista em desenvolvimento adolescente, Dra. Clarissa Menezes, situações como essa podem ter impactos profundos e duradouros na formação emocional dos jovens. “Crianças e adolescentes ainda estão formando sua identidade. A exposição intensa e a responsabilização espiritual que muitas vezes se impõe nesse tipo de ambiente pode gerar pressões psicológicas severas, afetando autoestima, senso de realidade e até o desenvolvimento social”, explica.
Ela também alerta para os riscos da exposição precoce nas redes sociais: “O ambiente digital pode ser extremamente hostil. A supervalorização, seguida por críticas e até ameaças, pode desencadear crises emocionais graves, especialmente se não houver suporte adequado.”
Apesar das críticas, Miguel afirmou que encara os comentários como parte de um processo de crescimento espiritual e pessoal. Segundo ele, sua fé permanece inabalável.
A suspensão de suas atividades será reavaliada futuramente, conforme a evolução do caso e o acompanhamento das autoridades competentes.
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